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Regras rígidas ou flexibilidade? O impacto da cultura na forma de trabalhar

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Marcela Peterson

As organizações muitas vezes se apoiam em normas e procedimentos para manter a ordem. Em alguns contextos, como mostrou a pesquisa de Chan e Gelfand (1996), esse “aperto” das regras — a chamada tightness — cria ambientes em que o desvio é minimamente tolerado. Em outros, a flexibilidade (looseness) permite interpretações mais livres das normas, valorizando a adaptação e a criatividade.

Essa diferença cultural não é apenas uma curiosidade acadêmica; ela se manifesta diretamente no dia a dia das empresas. Em contextos mais “rígidos”, a previsibilidade aumenta e o erro tende a ser punido, o que pode gerar maior disciplina, mas também medo de arriscar. Já em ambientes mais “soltos”, as pessoas se sentem à vontade para propor alternativas e explorar novos caminhos, mas o risco de falta de coordenação também cresce.

Penso que muitas tensões que observamos nas organizações vêm justamente desse equilíbrio delicado. Regras muito rígidas sufocam a inovação, mas a ausência de clareza pode gerar confusão e até injustiça. O desafio dos líderes é calibrar o quanto de estrutura e o quanto de liberdade se oferece, considerando não apenas a cultura nacional, mas também a identidade da própria empresa.

Ao mesmo tempo, percebo que a percepção de justiça está no centro dessa equação. Em sistemas muito fechados, os colaboradores podem sentir que qualquer deslize é tratado com desproporcionalidade. Em ambientes excessivamente soltos, a sensação pode ser de arbitrariedade — onde cada um interpreta as regras à sua maneira. Em ambos os casos, a confiança se fragiliza.

Não existe fórmula universal. Regras e flexibilidade são instrumentos de gestão que moldam comportamento, motivação e engajamento. Cabe às organizações refletir: queremos um ambiente em que a obediência é o valor máximo ou em que a adaptação é a virtude central? A resposta a essa pergunta define não apenas o clima de trabalho, mas também o tipo de resultados que a empresa será capaz de gerar.


 
 
 

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